O Trabalho e Cara de Palhaço
Todo final de semana que ando pelas ruas de Alphaville ou de São Paulo fico impressionada com a quantidade de pessoas usadas como placas e sinalizadores de empreendimentos imobiliarios.
É um festival de horrores, formado por pessoas expostas ao ridículo: perucas abobalhadas, shorts em pernas longe de perfeitas, mini blusas em gordurinhas que caem como cascata, fantasias de animais variados, bandeiras acenando tediosamente sob o sol inclemente...bexigas em punho...pessoas desesperadas por um trocado no final de semana.
Acho justo e honrado o trabalho dos que, por necessidade, engordam esta multidão, mas por trás deles há os “criativos” que os contrataram.
Os contratantes mostram sem pudor o desespero alheio, nos afrontam semanalmente com estas cenas bizarras de apelação e falta de respeito com o humano.
Não sei se esta estratégia aumenta as visitas aos empreendimentos, se agita as vendas, se causa sensação, mas a mim, incomoda e revolta.
A situação “destas pessoas placas” é uma caricatura da realidade de trabalho de muitos, nos mais baixos ou altos escalões e que apodrece nosso país:
• Fingir trabalhar
• fingir remunerar
• disfarçar a cara de choro atrás da cara de palhaço!